18.9.05

Eu já falei para vocês de Brasislândia?
Fabio Feijão

Aqui se convive pacificamente com tudo. Não é como nos outros países que a intolerância é soberana, onde brigam só porque Deus tem o nome diferente — sendo o mesmo — , porque a pele tem a cor diferente sendo no final a mesma coisa, ou seja, humano; e não tem nada mais humano do que a propriedade de ser imbecil, pois desde quando é racional um ser dotado de inteligência, teimar tanto em ser irracional? É por pura opção, racionalmente irracional. Nesse país as coisas são bem diferentes, sabemos lidar com as diferenças. Essa terra foi cultivada por mil braços: índios, africanos, portugueses, italianos, espanhóis, japoneses etc., portanto não há lugar para a intolerância. Toleramos todas as estranhezas, passamos com normalidade pelas crianças dormindo ao chão de nossos prédios todas as noites — e ultimamente, aqui no meu quarto, faz um frio — ; vemos o porteiro fazer questão de abrir a porta de serviço para nosso amigo que vem nos visitar, porque no meu prédio o porteiro é bem eficiente, obedece satisfatoriamente as ordens da síndica, mas não sei por que é sempre a de serviço; acompanhamos como uma novela os inúmeros e intermináveis detalhes da corrupção desse país pelo noticiário diariamente; “macumbeiros” e “crentes” trabalham, estudam e convivem com os “católicos não praticantes” sem um precisar espancar o outro por terem religiões diferentes, é verdade que misturar não se misturam, mas ninguém faz guerra por isso, ninguém mata ninguém por isso (já por outras coisas...). E por que essa nação se diferencia tanto das outras? Por que somos tão pacíficos? A resposta já foi dada: porque toleramos. Pela nossa acomodação, achamos tudo muito natural, e quem se destoa, quem acha tudo isso um grande absurdo, se acha meio chato, pensa que está incomodando por falar dessas coisas tão batidas, mas não precisa se preocupar tanto, pois ele também será tolerado.

19-set-2005.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu um outro dia estava converçando com um amigo meu que legal seria se porteiro de prédio tivesse perfil no Orkut, seria muito engraçado se ele se indentificar como ´´porteiro do prédio tal´´, teria um Q de ironia, porque não damos por vezes importância a esses tipos de funcionários. Mas isso também esconde uma injustiça social muito grande, já tirando o viés irônico da parada, porque porteiro de prédio não deve nem saber o que é Orkut, ´´profile´´, não faz parte do seu mundo. Beleza cara!

Anônimo disse...

verdade, toleramos. deixamos a discussão pra depois, priorizamos outras coisas. e aí tudo passa, esquecemos e pronto. ninguém move uma palha, e, quando digo ninguém, é em relação à maioria. porque um e outro até se incomoda, mas vendo que às vezes falta voz pra engrossar o coro, desiste.

obs.: todos podem comentar aqui :)
obs 2.: lisardo, não me incomodo de fazer um recorte com aquela discuissão do blog. só diz se a pergunta era aquela mesmo, pow.

Anônimo disse...

Pois é... Precisamos mesmo é de indignação movendo nossos passos!

Seu texto trouxe reflexão. Bom sinal! :)

Anônimo disse...

Bem...casinha nova,mas o a "feijoada" continua gostosa!Belo texto Fábio,mas eu sei,não é só "um texto",é um passo para a ação!Parabéns à vcs pela idéia,já estou gostando muito daqui...Bjossss da amiga V!

Fabio Jardim disse...

Qual a cor de pele do amigo que vem me visitar?